Marcador Desporto
Adaptação: Augusto Campos
F: Verdade.co.mz
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O Clube Ferroviário de Nampula assumiu a liderança isolada do
Campeonato Nacional de Futebol, em virtude de ter derrotado, fora de
casa, o Têxtil de Púnguè. No derby da segunda jornada, o Ferroviário de
Maputo e a Liga Muçulmana empataram a um golo, enquanto em Chibuto houve
a primeira “chicotada psicológica” da época.
Motivada por ter
goleado o Clube de Chibuto no jogo inaugural, a Liga Muçulmana entrou
dominante e soube manter o seu habitual estilo de circulação de bola,
construção de jogadas a partir do meio-campo e cruzamentos venenosos
para o interior da grande área adversária. O Ferroviário de Maputo, a
jogar em casa e diante do seu público, entrou também com o propósito de
conquistar os três pontos, ainda que “amarrado” no contra-ataque.
Com
Luís abaixo da sua forma, a objectividade locomotiva esteve sob a
responsabilidade de Andro e Diogo. A primeira oportunidade de golo
pertenceu aos donos da casa, à passagem do minuto cinco, quando o
zimbabweano Andro disparou ao lado, a centímetros de um dos postes de
Milagre. Com o seu futebol paciente e pouco objectivo, ainda que
dominantes no meio-campo, os muçulmanos responderam no minuto a seguir
com um tiro de Imo que passou por cima da baliza de Pinto.
Com o
confronto repartido em termos de lances de ataque, Victor Pontes foi
ousado ao tentar implementar uma táctica que nunca funcionou, há mais de
um ano, em qualquer equipa que defronta a Liga Muçulmana. No lugar de
exigir a ocupação de espaços, de modo a anular a criação de jogadas de
ataque, aquele técnico português tentou ele mesmo controlar o
meio-campo, ou seja, jogar como o adversário.

Devido à inoperância de Kito
como extremo esquerdo, algo a que fizemos referência na semana passada,
Liberty viu-se obrigado a sair da zona intermediária para desempenhar as
funções de avançado naquele corredor. Recebeu a bola do próprio Kito,
um pouco mais atrasado e, perto da linha de fundo, cruzou para Sonito
que atirou para as mãos de Pinto.
Estavam jogados 20 minutos da
primeira parte. O atrevimento de Sérgio Faife Matsolo, que estranhamente
colocou Naftal a jogar como defesa direito, quase que penalizava a
Liga, à passagem da primeira meia hora. Diogo não se esforçou muito para
ultrapassar aquele lateral, ganhando, por conseguinte, um corredor para
visar a baliza de Milagre. Pecou ao optar pelo passe a Luís que, sem
marcação, rematou ao lado.
O comboio voltou a apitar na baixa do
Infulene, na sequência de um pontapé de canto apontado por Andro.
Novamente sem marcação, muito por culpa da inexperiência de Naftal,
Gabito falhou o alvo ao atirar a bola para fora das quatro linhas. Cinco
minutos mais tarde, ou seja, a quatro do fim da partida, o Ferroviário
de Maputo, finalmente, chegou ao golo. Naftal travou ilegalmente o
avanço de Andro, dentro da grande área, e Gabito converteu a penalidade.
Na verdade foi o primeiro tento daquele central ao serviço da
locomotiva nesta temporada.
Liga Muçulmana empata na etapa complementar
Manifestamente
insatisfeito com a produção da equipa, Sérgio Faife Matsolo decidiu
corrigir os erros que não deveria ter cometido durante a primeira parte,
tirando Naftal do campo e colocando, no seu lugar, Bhéu. Substituiu
também Muandro por Nando na zona do ataque. Victor Pontes, na esteira do
adágio desportivo “em equipa que ganha não se mexe”, decidiu manter os
onzes jogadores do início da partida.
Neste período complementar,
mercê da descaracterização dos muçulmanos, que pretendiam chegar ao golo
a qualquer custo, o Ferroviário teve uma maior posse de bola. No minuto
47, Gildo tentou sair com a bola colada ao pé mas, diga-se, a pressão
de Luís fez com que o central a perdesse, tendo o avançado locomotiva
falhado na hora de finalizar o lance.
À entrada dos últimos trinta
minutos, a partida perdeu consideravelmente qualidade, factor que se
reflectiu na quantidade exagerada de passes errados e poucas visitas às
duas balizas. No minuto 60, Timbe ganhou uma disputa de bola com Bhéu e
cruzou para o interior da pequena área, surgindo Milagre a fazer o corte
com a ponta dos dedos. Na sequência desta jogada, os muçulmanos
reclamaram uma grande penalidade não assinalada por Mateus Infante. Num
movimento que partiu da direita para o centro, Nando passou por
Barrigana e foi violentamente travado por Chico, no interior da grande
área. O árbitro entendeu que houve uma simulação e exibiu uma cartolina
amarela ao avançado.
Depois do remate de Inocent para uma defesa
com os punhos de Milagre, Jerry, que entrou a substituir Liberty, isolou
Sonito que, atrapalhado, desferiu um remate fraquíssimo para as mãos do
guarda-redes Pinto. Estavam disputados 70 minutos. Quando o jogo
caminhava a passos galopantes para o seu término, Victor Pontes decidiu
tirar do campo Diogo, introduzindo Mabucho, numa manifesta declaração de
intenções de que o Ferroviário não pretendia mais golos. E porque a
locomotiva não queria mais, a Liga não desistiu e, a seis minutos dos
90, empatou. Sonito converteu com eficácia a grande penalidade que
surgiu como castigo por Chico ter usado a mão para desviar a bola no
interior da grande área.
O semáforo do jogo

O
zimbabweano foi, quanto a nós, a melhor unidade em campo. Foi o mais
produtivo entre os jogadores da equipa locomotiva. Este extremo veio
acabar com a “Diogodependência” do Ferroviário de Maputo, naturalmente
dando mais qualidade ao ataque da equipa. Ao lado de Timbe causou muitos
calafrios aos defesas contrários. A cada ataque dos muçulmanos, Andro
auxiliava nas acções defensivas. Reduziu Naftal à sua própria
inexperiência e provou que Bhéu precisa de tempo, como defesa, para
parar avançados de grande nível.
Laranja: Kito
Nunca
iremos perceber as razões que levam Sérgio Faife Matsolo a colocar Kito
como extremo direito da Liga. Aquele jogador, com qualidades de médio
centro, ainda que a desempenhar bem as funções de lateral quando joga
adaptado, é avançado desde o arranque do Moçambola. Contra o Chibuto
deixou um vazio enorme no lado direito do ataque dos muçulmanos e, nesta
semana, voltou a jogar da mesma forma. Em 180 minutos de jogo, Kito
pediu sempre o auxílio de Liberty para dar intensidade às jogadas
naquele flanco. Reconhecemos que ele é muito bom nas intervenções
defensivas, até porque, com Litos Carvalha, antigo treinador da Liga,
jogava como lateral direito.

Nós
até podemos criticar Naftal pela fraca exibição durante os 45 minutos
em que esteve em campo contra o Ferroviário de Maputo. Mas, manda a
verdade dizer que o maior culpado pela desfalecida actuação daquele
defesa é o treinador Sérgio Faife Matsolo, quem fez a escolha. Não
restam dúvidas de que Naftal precisa de muitos minutos para ganhar
experiência. Mas isso não pode prejudicar, em momento algum, a Liga
Muçulmana. Este defesa merece o mesmo tratamento que é dado a Jerry
Sitoe, ou seja, entrar nos últimos minutos de um jogo.
Ferroviário de Nampula no topo da tabela classificativa
A
locomotiva da capital do norte é a única equipa invicta neste
Moçambola, quando já foram disputadas duas jornadas. Depois de vencer o
Estrela Vermelha da Beira, por 2 a 1, o Ferroviário de Rogério Gonçalves
viajou até à cidade da Beira para derrotar os fabris da Manga. Depois
do nulo registado nos primeiros 45 minutos, Tony marcou de cabeça o
tento que deu os três pontos aos forasteiros, quando haviam decorrido 31
minutos da segunda parte. O Ferroviário de Nampula soma seis pontos e
está a dois de um grupo de cinco equipas, todas com quatro.
João Eusébio demitido!
A
direcção do Clube de Chibuto decidiu rescindir o contrato com João
Eusébio, treinador principal daquela colectividade, volvidas apenas duas
jornadas da prova. Nas mãos daquele técnico português, os “guerreiros”
não venceram nenhuma partida oficial e, no último domingo (30), perderam
em casa diante do Maxaquene. Até ao fecho desta edição, o @Verdade não
tinha ainda confirmado a notícia oficiosa que dava conta da saída de
António Sábado do comando técnico do Têxtil de Púnguè.
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